A instalação Mar Memorial Dinâmico é parte do projeto de pesquisa do CEART/UDESC “Visualização do Manguezal para a Plataforma Multiusuário Estação Carijós” coordenado por Yara Guasque desde março de 2007. As informações sobre o projeto concebido em 2005 como jogo de realidade mista que utiliza uma plataforma multiusuário e um sistema embarcado podem ser lidas no site que está online desde 2008 . Já em 2008 Silvia Guadagnini e eu, Yara Guasque, havíamos cogitado a instalação Mar Memorial Dinâmico com o uso de mapas, sensores de presença que disparassem após a interação do visitante os arquivos multimídia contidos no site. No primeiro semestre de 2009 a mesma foi projetada por Yara Guasque com a colaboração de Cristina Cardoso e Edgar Carneiro, que atualmente integram o grupo de pesquisa Telepresença em Ambientes Imersivos, Participativos e Interativos, GP Taipi, usando outras tecnologias. A interface da instalação exposta em 2009 em Santa Maria, RS e na ESPM, SP, usando Processing foi desenvolvida pelo grupo Udesc Física Computing hoje denominado MuSA.
Histórico do projeto
Dois outros projetos de autoria de Yara Guasque foram a base poética conceitual do atual Visualização do Manguezal para a Plataforma Multiusuário Estação Carijós: a performance Mar como Morte de 1998 e o projeto Mar como sistema de escrita dinâmica de 2004/05. O projeto Mar como sistema de escrita dinâmica, projeto do qual o Visualização do Manguezal para a Plataforma Multiusuário Estação Carijós deriva, procurava com a mesma estrutura de jogo participativo de realidade mista pesquisar os sistemas não-lineares como suporte da escrita e a ação dos fenômenos naturais como processo de co-autoria, além de objetivar também a educação ambiental através da experiência de imersão no sítio físico. A alimentação do espaço virtual do site seria também co-autorada pelos participantes, que usando comunicação móvel junto à tecnologia do Global Positioning System (GPS) enviariam as imagens realizadas. A investigação priorizaria ainda a intersecção e a imersão nos espaços virtual e físico e colocaria a posição física como uma variável importante dos ambientes virtuais.
Mar como sistema de escrita dinâmica teve ainda na performance de Yara Guasque Mar como Morte de 1998 um começo. A performance ocorrida na Lagoa da Conceição em 1998 espalhou letras esculpidas em material flutante. As letras formavam a frase Mar como Morte e eram embaralhadas pela correnteza e pelo vento. Semanas depois de largadas na Lagoa as letras foram capturadas por transeuntes da região e fotografadas. Na época uma estrutura de monitoramento dos ventos e das correntes da água teria enriquecido muito o projeto.
Da performance Mar como Morte para o projeto Mar como sistema de escrita dinâmica para depois chegar ao atual Visualização do maguezal para a Plataforma Multiusuário Estação Carijós muitas mudanças ocorreram. A frase Mar como Morte foi substituída para Mar Memorial Dinâmico pela influência dos demais participantes :Hermes Renato Hildebrand, Silvia Guadagnini e Fabian Silva Antunes. E o delineamento da plataforma multiusuário como uma planta baixa a ser preenchida pelos usuários e o detalhamento do sistema embarcado só foi possível com a participação dos demais pesquisadores como Fabiano Luis Santos Garcia da Mediasoft Softwares e Produções Multimídia Ltda e o Laboratório Integrado de Software e Hardware, LISHA, da UFSC.
Mas antes da participação de outros pesquisadores no projeto, outro fator predominante para o delineamento do uso da tecnologia móvel criando um site de monitoramento do meio ambiente veio da admiração da pesquisa realizada por Alexine Keuroghlian e Donald Eaton. O insight ocorreu em 2003 quando descansando no pantanal do Mato Grosso do Sul após minha defesa de tese de doutoramento soube que a Conservation International havia adquirido a Fazenda Rio Negro, que pertencia a um de meus familiares. A Fazenda havia se tornado um modelo para o desenvolvimento de pesquisas científicas e para as atividades de ecoturismo. Estes dois cientistas realizavam pesquisas na região do Pantanal do Rio Negro: Alexine Keuroghlian que pesquisava a resposta à mudança das estações dos porcos do mato no Pantanal do Rio Negro; e Donald Eaton que pesquisava a conservação dos peixes e invertebrados das regiões pantaneiras. Ambos foram patrocinados pela Ford Motor Company Fund. Alexine Keuroghlian usou tecnologias de ponta, como telemetria para monitoramento por rádio dos movimentos dos porcos do mato, associada à observação direta no estudo experimental do comportamento e dos hábitos alimentares deste animal selvagem.
A estrutura de que o banco de dados deveria tornar o conhecimento acessível à população local e se possível ter a participação da comunidade na elaboração do design e na construção da mesma veio das discussões amadurecidas durante a ECO 92.
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